Esquecer. Uma palavra aparentemente simples, mas tão difícil de aplicar. Um verbo que muita gente conjuga, principalmente, quando conjuga para outras pessoas "Esquece isso!", "Esquece-o!" (Quem me conhece sabe que detesto que me digam isso assim, como se fosse eu que não fosse inteligente o suficiente para perceber que há algo ou alguém que devo esquecer ou fosse a única pessoa incapaz de o fazer, porque afinal é tão fácil!) Parece que basta dizer a palavra e a ação acontece. Não é.
Esquecer acontecimentos e pessoas que nos marcaram, que nos fizeram felizes ou infelizes é difícil e não há uma receita, nem uma estratégia corretas para que isso aconteça. Esquecer é difícil e complicado porque a memória nos atraiçoa, quando menos esperamos lá vem ela recordar-nos de algo que tanto queremos esquecer. Travamos uma luta, muitas vezes diária, para esquecer o que não queremos recordar.
Depois há também a palavra "tempo", tantas vezes associada à palavra "esquecer". Como se o tempo fosse um feiticeiro, lançasse um feitiço e ficasse tudo esquecido. Again, não é verdade.
Muita gente diz que o tempo cura tudo. O tempo não cura nada, não apaga nada e não nos faz esquecer nada. O tempo ajuda e suaviza o que se passou; e conjugado com novos acontecimentos, novos conhecimentos e novas vivências acaba por nos ajudar a construir um presente e deixar as memórias e o passado para trás. Apesar disso, essas memórias e esse passado não desaparecem, simplesmente deixam-nos de nos atormentar. Além disso, não podemos fingir que ficamos iguais depois de viver determinadas experiências, boas ou más, mudamos sempre, as marcas ficam sempre. Nunca seremos os mesmos, nunca veremos a vida da mesma forma, a nossa perspetiva altera-se sempre.
Por isso digo, esquecer é difícil e não basta o tempo passar para esquecer.
Esquecer não acontece quando queremos, acontece quando as circunstâncias necessárias se juntam e, embora cliché, acontece quando tem de ser.
O Miguel Esteves Cardoso também tem um excelente texto sobre este tema:
http://ospontosdevista.blogs.sapo.pt/miguel-esteves-cardoso-como-e-que-se-4374?nomobile=1
Não deixem de ler!
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