quarta-feira, 25 de abril de 2018

Não sei gerir expectativas

Gerir expectativas. Ora aí está algo que não sei fazer. Não sei fazê-lo em várias situações da vida, ou seja, em relação às pessoas. Refiro-me às pessoas no geral, sejam colegas de trabalho, amigos ou pessoas do sexo oposto (com quem possa ou não ter alguma ligação mais íntima). 
Considero-me uma pessoa que não tem dificuldade em entender a língua portuguesa, mas ultimamente parece-me que as palavras podem ter mais do que um significado ou mais do que uma interpretação. A situação complica-se quando a comunicação é feita através da escrita (troca de mensagens); não há tom e não há expressão nem facial nem corporal. 
Vou dar-vos alguns exemplos da minha incapacidade de gerir expectativas e por isso me dececionar constantemente.
Se alguém me fala em nos encontrarmos para um café (quem diz café, diz jantar, diz qualquer outro tipo de encontro), eu crio a expetativa de que esse encontro será marcado em breve, assim que as partes envolvidas possam. Mas não, quando chega a altura de marcar a resposta é um emoji (muito na moda quando não se sabe o que dizer ou não se quer dizer nada) ou um "Depois combinamos". A pessoa não disse que não, mas também não avançou para a marcação efetiva do encontro.
Se combino qualquer coisa para um dia, mas ainda à espera da confirmação da outra parte, a minha expectativa é que essa confirmação chegue, quer seja "sim" ou quer seja "não"; não espero que a pessoa deixe passar o dia e não diga nada, como se não se tivesse falado do assunto. 
Se estou a trocar mensagens com uma pessoa durante algumas horas (ou até menos tempo), crio a expectativa que a conversa está a ser agradável para ambas as partes e não estou a contar que a pessoa simplesmente leia a minha última mensagem e saia da conversa sem dizer nada. (Caramba, custa muito dizer "Tenho de ir" ou "Volto já" ou algo semelhante para terminar a conversa?)
Se uma pessoa do sexo masculino mostra interesse em mim durante algum tempo seguido (podemos ir-nos encontrando para nos envolvermos ou pode ser só conversa), crio a expectativa que esse interesse continue. Ou pelo menos, se não continua, que eu seja informada de alguma forma dessa mudança. Desculpem se não prevejo que o interesse desapareça dum dia para o outro (que é geralmente o que acontece, não pensem que o desinteresse surge gradualmente!).
Se confio numa amiga ao contar-lhe algo da minha vida, espero que a conversa fique entre nós e que me apoie, concordando ou não com o que eu faço; também nesta situação não espero que em vez de me apoiar, de ser amiga, me critique ou me julgue ou "mande bocas" à frente de outras pessoas. 
Basicamente, espero demasiado das pessoas. Talvez leia ou oiça uma coisa quando escrevem e dizem outra, talvez esteja a perder o meu conhecimento da minha língua materna... Não sei. Sei que me dececiono, me desiludo muitas vezes porque crio expectativas porque depois não acontece o que eu esperava (muito pelo contrário, acontece normalmente o que eu não esperava de todo).
Não sei gerir as expectativas, pois continuo a criá-las e não sei lidar com a situação quando estas são defraudadas.
Gostaria de não criar tantas expectativas para não me desiludir e magoar tantas vezes (sim, porque isto de estar sempre à espera do que não acontece cansa e magoa também!)
Não criar expectativas e não esperar nada seria o ideal, assim tudo o que viesse era ganho. Talvez descubra um dia como fazer isso... Talvez...




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