terça-feira, 10 de outubro de 2017

37 anos, solteira, sem namorado e sem filhos: qual é o problema dela?

Dei este título a este texto porque é uma pergunta que as pessoas fazem, seja verbalizada e dirigida a mim, ou apenas o que pensam sobre mim dentro das suas cabecinhas.
Sei que 90% das pessoas (provavelmente até mais) consideram uma mulher na minha situação (37 anos, solteira, sem namorado, sem filhos) uma pessoa anormal (sim, já sei que o conceito de normalidade também não é propriamente objetivo, mas de qualquer das formas quem ler este texto entenderá a que me refiro).  
A verdade é que a minha geração; as minhas amigas e conhecidas da minha idade todas estão ou casadas e com filhos, ou casadas  ou com filhos. Também para mim é fácil questionar-me "Serei anormal? Terei algum problema?" Sinceramente não sei... Se esse problema existe em mim ainda não o identifiquei e se alguém o detetou também não mo disse. 
Tenho personalidade forte, às vezes mau feitio, sou teimosa, sou exigente; ou seja, tenho os meus defeitos e qualidades como qualquer outra mulher (acho eu), ou seja, não me parece que seja assim tão diferente de qualquer outra pessoa do sexo feminino. Por isso, a pergunta inevitável: porque não tenho eu um companheiro e filhos?
Acreditem que não é fácil ser um no mundo de dois ou mais. 
Sinto-me muitas vezes um bicho raro.
Quando conhecemos alguém, seja em contexto pessoal ou profissional, as perguntas (mais cedo ou mais tarde) são "És casada? Tens filhos? Quantos?". E eu, com cara sabe-se lá de quê (felizmente não me consigo ver) esboço um sorriso amarelo e digo "Solteira e sem filhos". 
Depois há aquela parte dos clichés (que adoro!!!!lol): "Há uma tampa para cada panela", "O que é teu está guardado e ninguém to tira", "Vais ver que quando menos esperares vai aparecer", "Quando tiver de ser será", "Já experimentaste os sites da net? Já experimentaste o tinder?", "Tenho uma amiga que já tinha 38 anos e foi não sei onde (a um evento qualquer ou no trabalho) e conheceu uma pessoa e já namoram há não sei quanto tempo, blá, blá, blá". Acham mesmo que eu vou nessas conversas? A sério?
Há também aquela parte da reação das pessoas relativamente ao meu desejo de ser mãe.  Normalmente, essas reações até vêm das pessoas que me são mais próximas, uma vez que não costumo falar desta situação com pessoas que não conheço bem, como é óbvio. "Hoje em dia as mulheres são mães mais tarde, ainda tens tempo", "Hoje em dia não precisas de ter um homem para seres mãe", "Porque não adotas?"
Parece que toda a gente tem uma opinião na ponta da língua para falar sobre a minha vida, mas e que tal se parassem para pensar em como me sinto ou em como se sentiriam se fosse com elas? Não é fácil colocarmo-nos no lugar do outro, mas tentar não custa. 
Eu penso "E porque não posso eu conhecer um homem de forma normal e natural, ao vivo e a cores, pessoalmente e construir com ele uma família também de forma normal e natural? Porquê?"
A normalidade, como já disse antes, é subjetiva, mas esta é a normalidade que desejo para mim e (ainda) não consigo entender porque não tenho direito a ela. Será que é pedir muito?

P.S. E quanto a formas de conhecer homens, não vou entrar em detalhes, mas posso dizer que já os conheci de várias formas; portanto também não tem sido por falta de tentativas. 


Para rir um pouco e aligeirar este texto :)



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